Ferrovia: Antes e Depois de 2004 H á um antes e depois de 2004 na
ferrovia portuguesa, muito por causa do futebol. O Euro 2004 foi
acompanhado pela eletrificação em via dupla da linha Porto-Braga, da
eletrificação da linha de Guimarães e também da eletrificação de Lisboa
ao Algarve, estas em via única.
Repare-se que Braga, Guimarães e o Algarve viram, nessa altura,
novos estádios ou estádios muito beneficiados para receber alguns dos
jogos do Euro. Para trás ficou a linha do Minho de Nine para Valença e a
linha do Douro.
Para esses lados não havia cidades para receber o Euro.
Este investimento na ferrovia foi importante, nomeadamente para
Braga, pois apesar de ter estado largos meses (mais de um ano,
seguramente) sem comboio entre Nine e Braga, isso não impediu que depois
das obras e dos novos comboios se tivesse tornado numa das linha mais
movimentadas do país. É uma das poucas autoestradas ferroviárias que
temos.
Depois de 2004 pouco se fez e agora que estão anunciados avultados
investimentos na ferrovia, nunca se escreveu e criticou tanto a falta de
atenção dada a este meio de transporte. Ao que parece, o que mais
impulsiona, nos nossos dias, estes investimentos é o transporte de
mercadorias, estando as pessoas em segundo lugar. É perigoso que assim
seja e, sendo certo que devemos incrementar o transporte ferroviário de
mercadorias, é preciso que ele não se faça à custa das pessoas.
E tal sucederá se tivermos comboios de mercadorias tão grandes e tão
cheios que prejudiquem as linhas. Causa-me perplexidade ver, como vi,
grandes comboios de mercadorias a atravessar, por exemplo, a centenária
ponte de Viana do Castelo. O mesmo se diga de comboios de mercadorias a
circular em vias com passagens de nível de automóveis ou de peões. E não
se esqueça a prioridade que deve ser dada aos passageiros, não devendo
ser nunca prejudicada a elaboração de bons horários.
Importante é, pois, que o investimento na ferrovia avance mesmo e seja bem planeado.
Problema muito grande que importa resolver o mais rapidamente
possível é, por outro lado, o do material circulante. Precisamos de
comboios modernos e em número suficiente. Eles estão a fazer muita falta
para circular nas linhas regionais, no longo curso e também nos
suburbanos.
Importante é,
pois, que o investimento na ferrovia avance mesmo e seja bem planeado.
(Artigo de opinião publicado no Diário do Minho de 16-8-2018)
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