sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Árvores: plantar, plantar, plantar bem!

 O calor deste Verão de 2020 tem aumentado os incêndios florestais, agora baptizados de fogos rurais, queimando milhões de árvores.

Neste momento, devíamos estar a pensar em renovar e melhorar a nossa floresta, plantando outros milhões de árvores, o que só será possível com a coordenação de uns serviços florestais devidamente organizados que, infelizmente, não temos. Estes serviços deveriam ter um âmbito nacional e regional, pois não é missão dos municípios cuidar da gestão florestal. É uma tarefa muito complexa de âmbito largamente supramunicipal.

Entretanto, a informação que nos é dada sobre florestas é pobre e não devia ser. Poucos sabem qual é a nossa área florestal, como é ela composta, como tem evoluído ao longo dos anos. Diz-se com muita facilidade que “ardeu tudo” e não é verdade. Felizmente ainda temos muita área verde que enriquece e embeleza o nosso país. Basta viajar.

Também nos informam muito mal quando nos dão a medida da área ardida. Falam-nos em hectares (às vezes até em campos de futebol), mas a medida dos grandes incêndios deveria ser dada em quilómetros quadrados.

Nós sabemos que Portugal continental tem 89.000 km2, mas não sabemos quantos hectares tem a não ser fazendo a conversão. Aliás, a conversão sendo simples, basta acrescentar dois zeros, não ajuda muito.

Quando nos dizem que no ano de 2017, o ano dos grandes fogos (de Junho a Outubro), arderam cerca de meio milhão de hectares de floresta, ficamos com a ideia de que ardeu muito, mas se nos dissessem que arderam 5.000 Km2 de área florestal, que é o que resulta da conversão, ficávamos com uma ideia mais adequada, principalmente se comparássemos com a superfície do país.

Reflorestar bem, com diversas espécies, deve ser a palavra de ordem e serão bem gastos dinheiros da União Europeia nesse domínio.

Não podemos esquecer que Portugal tem uma área florestal de mais de 30.000 Km2 e que ela deve aumentar. Basta de continuar a diminuir todos os anos como está a acontecer.

PS - Muita atenção deve merecer ainda a área também muito extensa (cerca de 30.000 Km2) de terrenos incultos ou abandonados existentes em Portugal.

 

(Artigo de opinião publicado no Diário do Minho, de 07-08-2020)