A sua utilidade é muito evidente
e sem ele não é possível fazer reformas de que o nosso país tanto precisa.
Anuncia-se hoje (3.ª feira), dia 18 de julho de 2017, na rádio, que se chegou a
acordo na Assembleia da República quanto à reforma florestal. É uma boa
notícia, mas temos razões para temer que fique apenas no papel, não devendo
ser, no entanto, esse receio motivo para não a aplaudir e lutar por ela.
Um breve parêntesis para dizer
que custa ver que não se consegue facilmente, em Portugal, celebrar acordos
efetivos sobre questões tão importantes como estas. Fala-se muito, decide-se pouco
e executa-se ainda menos.
Aqueles que dizem que a luta
política atrapalha em vez de ajudar a resolver problemas e que isso se agrava
quando o regime político é a democracia, encontram aqui argumentos.
Mas não deve ser assim. A
democracia é também o regime do bem comum e dos consensos. E custa não haver
consenso quanto ao cadastro predial de que acima falávamos. Acresce que, depois
do acordo quanto à necessidade, trata-se de o executar e nos dias de hoje com
os meios tecnológicos que temos ao dispor fazer esse trabalho não é difícil,
nem seguramente muito caro.
É evidente que deve ser bem
feito e isso pode implicar que não se possa fazer em poucos meses,
mas se houver mesmo vontade de o levar a cabo também não demorará muito.
É claro que isso poderá implicar
conflitos sobre os limites e acerca dos titulares da propriedade, mas uma lei
bem feita terá isso em conta e encontrará formas de resolver esses conflitos de
modo rápido, utilizando meios alternativos de resolução de litígios que a
Constituição e a lei permitem.
Pessoa amiga dizia-me a este
propósito que tem, no centro do país, um conjunto de prédios relativamente
pequenos, que não sabe ao certo, nem onde se situam, nem os limites.
Dizia-me,
ainda, que para descobrir tais prédios tinha de se socorrer de pessoas de idade
muito avançada que conhecem os lugares e indicam, com mais ou menos certeza, os
limites e os proprietários.
Como é possível que estejamos ainda
nesta situação?
(Artigo de opinião publicado no Jornal «Diário do Minho» de 20-07-2017)