quinta-feira, 4 de maio de 2017

Conselhos raianos

A Associação RIONOR organizou, em colaboração com o Instituto Politécnico de Bragança, no âmbito dos Laboratórios de Participação Pública, uma sessão sobre acessibilidade e coesão territorial. Esta assembleia (conselho raiano) teve lugar na emblemática “Domus Municipalis” de Bragança, no passado dia 29 de Abril de 2017, da parte da tarde, integrando dois painéis.


Um primeiro painel dedicado ao tema “Caminhos de Ferro: passado e futuro”, moderado pelo Professor Universitário de Salamanca e Alcalde de Morille, Manuel Ambrósio Sanchéz-Sanchéz, contando ainda com a participação de Dr. Daniel Conde, fundador do Movimento Cívico pela Linha do Tua, que tratou o tema “Caminhos de ferro em Trás-os-Montes – vamos discuti- los?”; do Eng. José Maria Fraile Cuellar, engenheiro técnico de obras públicas, que abordou o tema “Los ferrocarriles del Oeste”; de Rui Alberto Vilaça, colaborador da Fundação do Museu Nacional Ferroviário; e do Eng. José Mário Leite, engenheiro eletrotécnico, que apresentou o tema “Carro ou avião? Comboio é solução”.

O segundo painel, dedicado à cidadania, mobilidade e coesão territorial, teve a intervenção de Eng. Rui Caseiro, vice-presidente da Câmara Municipal de Bragança, que abordou o tema “A mobilidade dos cidadãos nos territórios raiano”; Dr. Javiér Callado Covo, que abordou “La permeabilidad al transporte y competitividade en la raya”; Prof. Dionísio Gonçalves, que apresentou o tema “Ligações transfronteiriças” e, finalmente, Eng. Fernando Teixeira de Barros, Presidente da Câmara Municipal de Vila Flor, que abordou o Projeto de Desenvolvimento do Vale do Tua, no âmbito das medidas de compensação da construção da barragem.


O encerramento da sessão esteve a cargo do Presidente da Câmara de Bragança, Dr. Hernâni Dias.


Tive a oportunidade de falar no primeiro painel sobre o futuro do transporte ferroviário e, particularmente, da ação desenvolvida pela Associação Comboios Século XXI. Defendi, ainda, que este meio de transporte deve ser uma prioridade no nosso país, não só no litoral, sendo necessário construir uma nova linha Porto- Lisboa que permita circular à velocidade do Alfa (220km/h) – o que faria com que a ligação entre as duas cidades se fizesse em cerca de uma hora e meia –, mas também no resto do país, desde logo com a criação de uma ligação à Europa através da vizinha Espanha, mostrando-se, ainda, essencial o melhoramento do transporte regional.


Foi interessante verificar que, numa altura em que se fecham (ou tentam fechar) linhas, os habitantes do distrito de Bragança reclamam uma ligação a Puebla de Sanábria para que possam usufruir do comboio de alta velocidade, já praticamente concluído, que liga Vigo a Madrid e que passa a pouco mais de 30km da cidade de Bragança.


Foi uma sessão muito interessante e participada, que contou também com a colaboração da União de Freguesias da cidade de Bragança e que promoveu, assim, a luta pelo desenvolvimento do interior a partir de iniciativas dos próprios raianos.


Sempre defendemos que aos raianos compete lutar, em primeira linha, pelos interesses do interior, ainda que com a colaboração de todos aqueles que sentem a necessidade da coesão territorial do nosso país.

in Diário do Minho