sexta-feira, 30 de junho de 2017

Eletrificação das linhas ferroviárias e comboios regionais

O atraso que se verifica no nosso país em termos de vias ferroviárias está bem patente no facto de, já bem entrados no século XXI, ainda termos linhas não eletrificadas.
 

O troço Nine-Valença está por eletrificar e só agora começaram as obras de eletrificação neste troço da Linha do Minho. Para o troço Viana do Castelo-Valença só há previsões.
 

Por sua vez, o troço entre Caíde e Marco, se tudo correr bem, terá a sua linha eletrificada no fim deste ano de 2017 (embora a obra já devesse estar concluída em 2016). No troço Marco-Régua apenas se lançou há dias um concurso, não para a sua eletrificação, mas para a realização de um estudo prévio, de impacto ambiental e para o projeto de execução da eletrificação.
 

Os meios de comunicação social desta região devem estar bem atentos a estas obras para evitar que derrapem, quer nos prazos de execução, quer nos custos. Sem pressão das autarquias locais e dos cidadãos o natural, no nosso país, são os atrasos e aumentos de custos.
 

Em breve realizar-se-á uma sessão no município de Famalicão em que fará o ponto da situação e discutirá a questão da eletrificação da Linha do Minho. Repare-se que, em muitos outros troços ferroviários, a eletrificação está por fazer, não havendo – que saibamos – um plano para levar a cabo uma eletrificação generalizada a nível nacional.
 

Passando das infraestruturas para o transporte, temos uma má ideia dos comboios regionais, pois aqueles que melhor conhecemos são os que seguem para Viana e Valença e não se recomendam, tão velhos que são e com uma linha não eletrificada.
 

Fazem, no entanto, muita falta bons e rápidos comboios regionais a ligar, nomeadamente, Braga, 
Famalicão, Porto, Aveiro e Coimbra. Já temos, neste percurso, os comboios de longo curso (Alfa e Intercidades), mas não chegam e são demasiado caros.
 

Se queremos – e devemos querer – que as pessoas utilizem transportes públicos, então temos de oferecer boas condições que atualmente não existem.
 

PS1 – Tive o gosto de conversar, na passada quarta-feira, com o Dr. Fernando Alberto Ribeiro da Silva, em Guimarães, numa sessão da Sociedade Martins Sarmento. Que falta continuam a fazer bons governadores civis, enquanto não houver regiões administrativas, no nosso país. Eles eram, quando bem escolhidos, elementos muito úteis para a boa administração pública. A decisão de acabar com os distritos, contra o que dispõe a Constituição, neste período transitório, foi uma má decisão.
 

PS2 – É bom ver e ouvir a chuva nestes dias, depois de meses de seca e tempo quente. É apenas ainda muito pouca.

(Artigo de opinião publicado no Jornal «Diário do Minho» de 30-06-2017)

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Elogio da ASAE

O cidadão, por definição, não é um súbdito. Tem consciência dos seus direitos. É exigente.
 
Exige que os alimentos, nomeadamente a carne e o peixe, cheguem à sua mesa em condições de serem consumidos com benefício para a saúde.
 
Temos, em Portugal, um serviço denominado Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) que tem por missão (entre outras!) zelar pela qualidade dos alimentos. Bastaria que cuidasse dos alimentos, mas colocaram-lhe em cima ainda outras absorventes tarefas no âmbito da economia e por isso tem um “E” na sigla.
 
A atividade da ASAE tem sido muito divulgada nos meios de comunicação social, dividindo-se a opinião entre aqueles que a aplaudem, por defender a saúde dos cidadãos, e os que a criticam por exagero na sua intervenção e por colocar em risco as empresas que trabalham no setor. 

Pertencemos ao grupo daqueles que consideram da maior importância a atividade de um organismo como a ASAE e defendem que ela deve ser muito eficaz, dentro da lei.  Repare-se que muitas vezes, na ânsia do lucro, ou para evitar prejuízos, se lançam produtos no mercado que nunca deveriam ser consumidos.

Temos tendência para não dar o devido apoio a estes organismos de inspeção, mas uma sociedade devidamente organizada não dispensa esta ação fiscalizadora de modo competente, contínuo  e qualificado.  Não sabemos se os recursos humanos  da ASAE  são suficientes. Tentaremos saber.
 
PS.1 – Aproveitem enquanto é tempo o cheiro das flores de tília neste mês de junho de 2017. Costumo apreciar mais à noite porque ando habitualmente a essa hora na cidade onde moro, mas dizem-me que, de manhã,  ainda é melhor.
 
PS.2 – Ainda ando às voltas com a Meo, apesar de esta ter reconhecido o erro que cometeu.
Mas hoje o que venho dizer é isto que me espantou. Como sabem, depois de qualquer contacto fazem-nos duas perguntas, sendo a segunda sobre a qualidade do serviço, perguntando-nos se recomendaríamos a Meo. A resposta é de 1 a 10 sendo naturalmente o 10 a nota de completa satisfação. O que não é natural nem normal é saber (lemos isso!) que até 6 qualquer resposta é negativa e que 7 e 8 não são apreciação positiva ou negativa (neutro).  Apenas 9 e 10 são respostas positivas que podem beneficiar os funcionários que avaliamos. Que desfaçatez e falta de respeito por nós, que somos enganados, e pelos trabalhadores da MEO que são prejudicados!


(Artigo de opinião publicado no Jornal «Diário do Minho» de 16-06-2017)