quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Que Mundo, meu Deus!

             Este título - “Que Mundo, meu Deus!” - é pedido emprestado à TSF que tinha um belo programa com o mesmo nome com a participação de um cristão, uma judia e um muçulmano.

No entanto, aqui o desenvolvimento é outro e voltado para o mundo em que vivemos. Um mundo de contrastes, em que convivem, entre tantos outros,  a paz e a guerra, o prazer e a dor, a alegria e a tristeza, a fraternidade e o ódio, a saúde e a doença, o luxo e a miséria.

Como podemos ficar indiferentes ao ver a luta fratricida que decorre na Ucrânia e na Palestina, sem esquecer outras guerras igualmente fratricidas, noutras partes do mundo? Fratricidas sim, pois são irmãos que se combatem (a humanidade é uma fraternidade).

Como podemos compreender que, ao mesmo tempo, ao nosso lado,  na sociedade em que nos movimentamos, vejamos pessoas com vida longa e feliz e recordemos outras para quem a vida foi madrasta e curta, com acidentes ou doenças que lhes ceifaram a vida prematuramente?

Como podemos ver irmãos nossos a sofrer e a morrer de fome e de sede (sofrimento que mal imaginamos)  e outros a esbanjar  alimentos e água?

E as crianças, Senhor, que mal fizeram elas para nascerem doentes, pobres, sem um lar aconchegado, com pais que se desentendem e as fazem sofrer, ao lado de outras, sãs, felezmente cheias de vida e alegria, com um lar e pais que, frequentemente,  até as estragam com mimos e excessos?

E famílias que sofrem, porque o dinheiro é pouco, o desemprego bate à porta, a habitação mete água ou a renda é cara, enquanto ao lado, outros moram em vivendas luxuosas, com dinheiro em abundância, tantas vezes o esbanjando? 

E, ainda, pessoas com salários de miséria apesar de muito trabalho e outras com proventos que chocam pelo excesso?

Tanta injustiça! Tanta desigualdade.Tanta dor! Porquê?

Não, não é justo este mundo em que vivemos e que nos leva a perguntar: que Mundo é este, meu Deus?

Como estranhar, neste contexto, que muitos considerem que o Mundo é mesmo assim, que “isso” de interpelar Deus é tempo perdido e que o que  há a fazer é lutar para gozar o lado bom da vida, mesmo que à custa dos outros?

Certo é que ainda há muitos irmãos nossos que, prescindindo de  Deus, lutam por uma sociedade mais justa, pelo progresso científico que possa curar doenças, por uma maior igualdade, bem sabendo que tudo acaba, que todos acabamos, mais dia, menos dia, e que pouco ou nada há a fazer contra certos males. Mas lutam, apesar de tudo!

Mas será assim? Tudo acaba e, enquanto vivermos, a Vida será  mãe muito boa para uns e má, mesmo muito má, para outros? Não é isto a injustiça das injustiças?

Por estranho que possa parecer, só Deus, um Deus bom, justo e misericordioso, porque outro não há, pode restabelecer a justiça, a fraternidade, a alegria, dando as respostas, que hoje não temos para as muitas interrogações que fazemos.

( Não escrevi nada que não tenha sido já dito e escrito, muito melhor e vezes sem conta. Mas poderemos  esquecer estes problemas que fazem parte da nossa vida ?)

                                                                                         António Cândido de Oliveira

PS – No dia 17 de Fevereiro de 2024 comemoraram-se solenemente os 50 Anos da Universidade do Minho. É assunto a merecer ainda atenção.