quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Ferrovia: Antes e Depois de 2004

Ferrovia: Antes e Depois de 2004 H á um antes e depois de 2004 na ferrovia portuguesa, muito por causa do futebol. O Euro 2004 foi acompanhado pela eletrificação em via dupla da linha Porto-Braga, da eletrificação da linha de Guimarães e também da eletrificação de Lisboa ao Algarve, estas em via única.

Repare-se que Braga, Guimarães e o Algarve viram, nessa altura, novos estádios ou estádios muito beneficiados para receber alguns dos jogos do Euro. Para trás ficou a linha do Minho de Nine para Valença e a linha do Douro.  Para esses lados não havia cidades para receber o Euro.

Este investimento na ferrovia foi importante, nomeadamente para Braga, pois apesar de ter estado largos meses (mais de um ano, seguramente) sem comboio entre Nine e Braga, isso não impediu que depois das obras e dos novos comboios se tivesse tornado numa das linha mais movimentadas do país. É uma das poucas autoestradas ferroviárias que temos.

Depois de 2004 pouco se fez e agora que estão anunciados avultados investimentos na ferrovia, nunca se escreveu e criticou tanto a falta de atenção dada a este meio de transporte. Ao que parece, o que mais impulsiona, nos nossos dias, estes investimentos é o transporte de mercadorias, estando as pessoas em segundo lugar. É perigoso que assim seja e, sendo certo que devemos incrementar o transporte ferroviário de mercadorias, é preciso que ele não se faça à custa das pessoas.

E tal sucederá se tivermos comboios de mercadorias tão grandes e tão cheios que prejudiquem as linhas. Causa-me perplexidade ver, como vi, grandes comboios de mercadorias a atravessar, por exemplo, a centenária ponte de Viana do Castelo. O mesmo se diga de comboios de mercadorias a circular em vias com passagens de nível de automóveis ou de peões. E não se esqueça a prioridade que deve ser dada aos passageiros, não devendo ser nunca prejudicada a elaboração de bons horários.

Importante é, pois, que o investimento na ferrovia avance mesmo e seja bem planeado.
Problema muito grande que importa resolver o mais rapidamente possível é, por outro lado, o do material circulante. Precisamos de comboios modernos e em número suficiente. Eles estão a fazer muita falta para circular nas linhas regionais, no longo curso e também nos suburbanos.

Importante é, pois, que o investimento na ferrovia avance mesmo e seja bem planeado.

(Artigo de opinião publicado no Diário do Minho de 16-8-2018)

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Por um transporte ferroviário de qualidade!

Realizou-se no dia 27 de julho de 2018, no Auditório Municipal de Barcelos, uma sessão sobre a eletrificação da Linha do Minho, organizada pela Associação de Comboios do Século XXI (ASCXXI), em colaboração estreita com a Câmara Municipal de Barcelos, e contou com a presença do ministro das Infraestruturas e Planeamento (Dr. Pedro Marques), de um representante da Infraestruturas de Portugal (Eng.º Carlos Fernandes) e de um representante da empresa Mota-Engil (Eng.º João Borges). A CP, apesar de insistentemente convidada, não se fez representar por motivo de férias e falta de disponibilidade de um membro do conselho de administração para se deslocar ao Norte do país.

A sessão teve muito interesse e participação e foram abordados temas ainda mais vastos do que o anunciado.

Torna-se claro que importa continuar a acompanhar muito de perto os trabalhos na Linha do Minho, esperando-se que em outubro deste ano esteja completa a eletrificação de Nine a Viana, dado o bom trabalho desenvolvido pela Mota-Engil.

Por outro lado, só para o próximo ano teremos a Linha do Douro eletrificada até ao Marco de Canaveses, se tudo correr conforme o previsto.
Quanto à Linha Porto-Braga, importa criar, o quanto antes, comboios rápidos entre as duas cidades, pois neste momento os rápidos começam e acabam quase todos na estação de Travagem, situada antes de Ermesinde (para quem parte de Braga).

A complicar todo este tráfego temos ainda o aperto da linha entre Ermesinde e Contumil, que obriga a diminuir a velocidade dos comboios na imediação do Porto.
É urgente dobrar a via nestes 7 km de via dupla, pela qual passam comboios vindos de Valença, Braga, Guimarães e ainda do Douro.

Um outro problema, em boa hora abordado no animado debate que decorreu na parte final da sessão, foi o das passagens de nível no concelho de Barcelos. É também problema que não pode ser descurado.

Para termos melhor transporte ferroviário de passageiros nestas linhas é absolutamente urgente obter material circulante de boa qualidade e em suficiente quantidade, o que atualmente não sucede.
Decorre do que acaba de ser escrito que é preciso dar toda e constante atenção à circulação ferroviária nesta região, o que terá de envolver os cidadãos, as autarquias locais que mais sentem estes problemas, assim como a IP e a CP, sem de nenhum modo esquecer a responsabilidade do Governo.

 (Artigo de opinião publicado no Diário do Minho de 2-8-2018)