quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

O sofrimento e a família

Tenho muita dificuldade em enfrentar o sofrimento que a vida provoca a tanta gente. Não estou a falar de mim. Estou a falar do sofrimento que vejo.
Terça-feira, no Dia dos Namorados (mais uma invenção da sociedade do consumo que mete no mesmo saco, namorados, casados e tudo o que sirva para fazer negócio) deparei com uma mãe e vários filhos na rua, já noite dentro, à procura de um membro da família. 


Não pude ficar indiferente ao olhar triste de uma das crianças, perto dos 10 anos, agarrada ao casaco da mãe, que não queria conversa, queria o Pai.
Não interessa saber mais pormenores e desejo vivamente que isto tenha sido um pequeno caso resolvido sem grandes problemas. Mas quantos casos dramáticos deste género e piores não se estão a passar perto de nós, na nossa terra ou região para não ir mais longe.
 

Como é isto, que mundo é este que acreditamos ter Deus na sua origem e no acompanhamento dia a dia? Como compreendo os ateus e agnósticos! E, no entanto, não pode ser assim. Este sofrimento não pode ser vão. Deus há-de reparar todo este sofrimento e só Ele o pode fazer.
Só isso me permite ficar mais tranquilo, sem que essa tranquilidade signifique que nada tenha a ver com o sofrimento. Tenho tudo a ver e cabe-me lutar contra ele. Fazer tudo o que está ao meu alcance para o evitar, mesmo sabendo que posso fazer muito pouco. Mesmo sabendo que esse brutal sofrimento continuará.
 

Esse muito pouco é uma obrigação grave. Fazer o que estiver ao nosso alcance por um mundo melhor, com um pouco mais de alegria e um pouco menos de sofrimento é o maior mandamento que temos.
E como é bom ver a alegria de uma família, com os seus problemas é certo, mas com a alegria que também a vida proporciona, quando bem vivida! 


PS – O Doutor João Carvalho, presidente do IPCA (uma instituição de ensino superior a que estou muito ligado pela participação na sua comissão instaladora presidida pelo Professor Lopes Nunes), tem feito um trabalho notável, elevando-o a um alto patamar no nosso país e fora dele. Não esquecemos também o quanto tem contribuído para o conhecimento das finanças do poder local ao nível dos municípios e mais recentemente das freguesias. O “Anuário Financeiro” é uma publicação de relevo nacional e muito bem conhecida. Agora que o sofrimento lhe tocou violentamente à porta tomou a decisão que bem gostaríamos que não tivesse de tomar. Obrigado, João Carvalho pelo trabalho feito, lembrando também o tempo que estivemos juntos na Universidade do Minho! 

in Diário do Minho