Haverá alguém que julgue que não é justa a reivindicação dos médicos de
lutar por mais investimento no Serviço Nacional de Saúde e de contratar
mais médicos? Haverá alguém que julgue que não é justa a reivindicação
dos magistrados de lutar por investir mais na justiça e de contratar
mais magistrados?
Haverá alguém que julgue que não é justa a
reivindicação dos professores do ensino público (desde logo os
universitários) de terem um lugar no quadro e de acabar com o trabalho
precário, investindo-se mais na educação?
E serão injustas, iguais ou
semelhantes as reivindicações dos guardas prisionais, dos enfermeiros,
dos polícias, da GNR, dos bombeiros profissionais e de tantos outros
funcionários públicos? E não terão todos eles direito a melhores
vencimentos?
E então porque não satisfaz o Governo tais justas
reivindicações? Ensaiamos dois tipos de resposta.
Comecemos pela primeira. Chegamos a esta situação porque o Governo
do nosso país governa mal. Quer fazer brilharete com o saldo orçamental
e mostrar serviço perante a Europa, em vez de satisfazer as justas
reivindicações dos trabalhadores. Tire o Governo dinheiro, através de
justos impostos, aos ricos e teremos um país justo e com orçamento
equilibrado. Este Governo não serve.
Venha outro que cuide de quem
precisa, ou seja, dos pobres, e teremos bem-estar e paz social.
Avancemos com outra resposta. O dinheiro é escasso e o país não é rico.
Não é possível satisfazer tudo o que é de justiça ao mesmo tempo. É
preciso estabelecer prioridades. É preciso gerir bem. É preciso cuidar
das contas públicas e evitar défices excessivos. Este Governo não sabe
escolher prioridades, cuida das contas, mas governa mal.
Siga-se uma ou outra resposta e, no final, a solução em democracia
será sempre a mesma: cabe aos cidadãos decidir em próximas eleições.
A não ser que se queira fazer uma nova Revolução. Nada a opor quanto
a esta, desde que ela garanta, desde o início, os direitos fundamentais
da pessoa humana (todos eles) e a separação dos poderes, ou seja, o
Estado de Direito Democrático.
(Artigo de opinião publicado no Diário do Minho de 10-05-2018)
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