quinta-feira, 10 de maio de 2018

As greves nos Serviços Públicos

Haverá alguém que julgue que não é justa a reivindicação dos médicos de lutar por mais investimento no Serviço Nacional de Saúde e de contratar mais médicos? Haverá alguém que julgue que não é justa a reivindicação dos magistrados de lutar por investir mais na justiça e de contratar mais magistrados?

Haverá alguém que julgue que não é justa a reivindicação dos professores do ensino público (desde logo os universitários) de terem um lugar no quadro e de acabar com o trabalho precário, investindo-se mais na educação?

E serão injustas, iguais ou semelhantes as reivindicações dos guardas prisionais, dos enfermeiros, dos polícias, da GNR, dos bombeiros profissionais e de tantos outros funcionários públicos? E não terão todos eles direito a melhores vencimentos?

E então porque não satisfaz o Governo tais justas reivindicações? Ensaiamos dois tipos de resposta.

Comecemos pela primeira. Chegamos a esta situação porque o Governo do nosso país governa mal. Quer fazer brilharete com o saldo orçamental e mostrar serviço perante a Europa, em vez de satisfazer as justas reivindicações dos trabalhadores. Tire o Governo dinheiro, através de justos impostos, aos ricos e teremos um país justo e com orçamento equilibrado. Este Governo não serve.
Venha outro que cuide de quem precisa, ou seja, dos pobres, e teremos bem-estar e paz social.

Avancemos com outra resposta. O dinheiro é escasso e o país não é rico.
Não é possível satisfazer tudo o que é de justiça ao mesmo tempo. É preciso estabelecer prioridades. É preciso gerir bem. É preciso cuidar das contas públicas e evitar défices excessivos. Este Governo não sabe escolher prioridades, cuida das contas, mas governa mal.

Siga-se uma ou outra resposta e, no final, a solução em democracia será sempre a mesma: cabe aos cidadãos decidir em próximas eleições.

A não ser que se queira fazer uma nova Revolução. Nada a opor quanto a esta, desde que ela garanta, desde o início, os direitos fundamentais da pessoa humana (todos eles) e a separação dos poderes, ou seja, o Estado de Direito Democrático.

(Artigo de opinião publicado no Diário do Minho de 10-05-2018)

Sem comentários:

Enviar um comentário