Vi, com muito agrado, há alguns dias, em casa de uma família amiga, o
livro “1943-2018 , A história do nosso Sabor” que conta a história dos
75 anos da empresa Vieira de Castro (inicialmente conhecida por
Confeitaria A. Vieira de Castro), de Vila Nova de Famalicão.
O livro, com cerca de 300 páginas, não por acaso em edição bilingue
(português/inglês), atrai pela apresentação e pela qualidade gráfica,
mas o que mais me atraiu foi, de longe, o conteúdo.
Desde logo, não se trata de uma publicação amadora, como é comum
ver-se nestas obras, mas é “apenas” o “primeiro resultado de um trabalho
de investigação multidisciplinar sobre a génese e a estruturação da
empresa”, desenvolvido em colaboração com uma equipa do Instituto de
Sociologia da Universidade do Porto, coordenada pelo Professor Virgílio
Borges Pereira. Depois, está bem dividida por pequenos capítulos, de
leitura acessível, ordenados cronologicamente. A leitura que tenciono
fazer, sem pressas, interessa-me a vários títulos.
Conheci o fundador e algo da sua personalidade, pelas mãos e
palavras de meu Pai e conheço os filhos que lhe sucederam na empresa e
interessa-me ver mais de perto o que fizeram ao longo destes anos.
Vê-se, depois, nesta história da empresa, muito da história de Vila Nova
de Famalicão.
Finalmente, está expresso no livro o vertiginoso
desenvolvimento tecnológico e económico do nosso país e do mundo que a
“Vieira” acompanhou, com muito mérito e visão.
Neste breve texto de primeiras impressões, seguem alguns apontamentos dispersos.
A fotografia da Rua de Santo António (p.12), onde tudo começou,
ainda com a face norte antiga e torta que faz desta rua uma curiosidade
urbanística, pois tem duas idades bem distintas: mais velha a sul, muito
mais nova a norte (existe uma placa na rua, marcando a data de
renovação do lado norte , 1952). A história do urbanismo dos últimos 75
anos de Vila Nova de Famalicão está, aliás, por fazer e bem merecia ser
feita com o profissionalismo e consequente rigor que são de exigir.
Muito poderíamos aproveitar desse trabalho para o futuro da nossa terra.
Muito relevante é, também, o importante depoimento , um dos muitos e
interessantes depoimentos extratexto incluídos na obra , de Amândio
Carvalho (pp. 226-227) sobre a segunda geração da empresa.
Por fim, a entrada da empresa “Vieira de Castro” na terceira
geração, numa terra e num país em que a sucessão de gerações tantas
vezes (demasiadas) significa diminuição ou mesmo extinção e não
desenvolvimento do que os antecessores fizeram, merece toda a atenção.
Muito mais haveria a dizer, mas importa primeiro ler o livro,
convidando os leitores a fazer o mesmo, pois vale bem a pena.
(Artigo de opinião publicado no Diário do Minho de 3-05-2018)
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